
Espécie nova de peixe pedra encontrada a 110 metros de profundidade — Foto: Expedição científica/Divulgação
Uma expedição marítima realizada por cientistas brasileiros e norte-americanos, em Fernando de Noronha, resultou na descoberta de quatro novas espécies de peixes, exclusivos do litoral brasileiro.
Foram descobertas novas espécie de peixe gobídeo (Psilotris sp.), peixe pedra (Scorpaena sp.), peixe lagarto (Synodus sp.) e peixe afrodite (Tosanoides sp.).
Além dessas quatro descobertas, outras 15 espécies de peixes foram registradas pela primeira vez na região do arquipélago.
A pesquisa foi liderada pela Associação Ambiental Voz da Natureza. A exploração aconteceu em outubro de 2019, quando os estudiosos permaneceram em Noronha por 17 dias. Os resultados da expedição foram divulgados na revista científica Neotropical Ichthyology.
Chromis scotti é um novo registro em Noronha — Foto: Luiz Rocha/Divulgação
Durante esse intervalo, os pesquisadores se dedicaram a um longo processo de taxonomia das espécies, em que compararam suas características morfológicas com centenas de outros peixes. Com a análise, foi possível confirmar que eram animais inéditos para a ciência.
“Nós demoramos mais de um ano para analisar os dados. São vídeos, fotos, imagens e coleta de espécimes que tivemos que comparar com várias outras coletadas em outras ilhas”, afirmou o pesquisador da Voz da Natureza e da Academia de Ciências da Califórnia, Hudson Pinheiro, que chefiou a equipe.
Segundo pesquisador, o objetivo principal da exploração foi investigar um dos ambientes mais desconhecidos da ciência: os recifes profundos. Para isso, eles utilizaram tecnologias de ponta para ir a 140 metros de profundidade e observar a biodiversidade local.
“Tivemos a oportunidade de entender melhor os ecossistemas profundos da ilha, o estado de preservação, as ameaças, e a relação entre a biodiversidade do fundo e do raso”, disse Pinheiro, que também é integrante da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).
Prognathodes guyanensis também é um novo registro no arquipélago — Foto: Luiz Rocha/Divulgação
Os estudiosos informaram que a expedição permitiu a caracterização dos ambientes profundos de Noronha, uma região sobre a qual ainda se sabe muito pouco.
Pela primeira vez, por exemplo, cientistas mergulharam nas paredes externas do arquipélago e na quebra da plataforma (uma mudança brusca na profundidade do oceano), atravessando duas termoclinas, que são fronteiras entre diferentes massas d’água.
Em profundidades de até 115 metros, os pesquisadores encontraram águas geladas, de até 13 °C, com uma biodiversidade completamente diferente daquela de água rasa.
“Cerca de 50% das espécies que nós encontramos lá no fundo são registros novos para o arquipélago”, disse Pinheiro.
Além das quatro espécies novas, nunca vistas anteriormente e não descritas pela ciência, outras quatro estão em análise pelos cientistas, podendo também constituir espécies novas de peixes.
Cientistas estudando a parede recifal do Arquipélago de Fernando de Noronha — Foto: Expedição científica/Divulgação
O pesquisador João Luiz Gasparini, que também participa do estudo, informou que foram encontramos detalhes, diferenças de coloração e morfologia que chamaram a atenção para esses peixes.
Para Gasparini, o isolamento do arquipélago promove a evolução dos peixes de forma distinta ao que acontece no continente, formando espécies endêmicas, que só existem na região mais profunda.
Os esforços de pesquisa, incluindo uma extensa variedade de técnicas de amostragem, desvendaram ecossistemas e uma grande biodiversidade nos recifes profundos.
Foi utilizado um ROV (mini submarino equipado com câmeras de vídeo e sensores e operado por controle remoto).
Foram registrados novas ocorrências e comportamentos de agregação reprodutiva de espécies comerciais como garoupas e dentões (também conhecidos como vermelhos).
O oceanógrafo João Batista Teixeira, que integrou à expedição, disse que algumas espécies, como a garoupa marmoreada, estão utilizando os recifes de quebra da plataforma, entre 90 e 100 m de profundidade, como áreas de reprodução.
O ROV também foi utilizado para a exploração pretérita, quando os cientistas primeiro lançam o robô para investigar os ambientes para depois os mergulhares técnicos entrarem na água.
Os pesquisadores fizeram investigações na parede abaixo da quebra da plataforma até 140 m, o que possibilitou encontrar habitats fascinantes, repletos de corais negros e cavernas, locais propícios para nossos estudos ecológicos.
A expedição científica também contou com uma metodologia conhecida como BRUVS, que são sistemas de filmagens subaquáticas remotas com iscas de atração.
Os pesquisadores revelaram que os vídeos revelaram uma alta abundância de predadores de topo de cadeia, uma grande quantidade de tubarões, incluindo espécies ameaçadas de extinção.
A expedição de pesquisa contou com patrocínio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e autorização para estudo do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio).
Via: Viver Noronha
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